Um levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS) aponta
que as ruas do Rio Grande do Sul estão sendo invadidas por um motorista
de perfil mais consciente e cuidadoso: as mulheres.
Em cinco
anos, a presença feminina ao volante cresceu 27%, contra 11% entre os
homens. O avanço delas foi ainda mais acentuado sobre duas rodas. O
número de mulheres motociclistas aumentou 73% entre 2007 e 2011, mais do
que o triplo do índice masculino.
Saiba mais
Confira qual a participação de cada sexo no trânsito
A
maior proporção de mulheres ao volante pode abrir perspectivas
animadoras. O diferencial feminino, revela o estudo do Detran, é poupar
vidas. De cada 100 mil motoristas homens, 34,5 morreram na direção no
ano passado. Para cada 100 mil mulheres, as mortes foram 5,1 – sete
vezes menos.
Até mesmo nas motos, usualmente vilipendiadas por
deixarem o condutor vulnerável, as mulheres mostram que é possível
transitar com segurança. Apesar de representarem 15% dos habilitados, as
motociclistas são só 3% dos que morrem ao guidão.
O
diretor-presidente do Detran, Alessandro Barcellos, lembra que os
condutores que passam mais tempo circulando ou estão expostos a riscos
maiores, como caminhoneiros e motoboys, costumam ser do sexo masculino, o
que pode contribuir para os homens liderarem as estatísticas de
acidentes. Mesmo assim, ele entende que a ascensão feminina significa
motoristas mais prudentes nas ruas.
— As mulheres estão provando
que um trânsito melhor é possível. Elas são um exemplo. Para a raiva de
muitos homens, mostram que há um caminho para reduzir os acidentes —
afirma.
A psicóloga Aurinez Schmitz, fundadora do Ande Bem
Instituto de Psicologia do Trânsito, observa que a maior proporção de
mulheres habilitadas está relacionada à independência feminina:
— Faz
parte desse processo a mulher se colocar no papel de quem pode se
conduzir. Depois que entrou no mercado de trabalho, ela foi rompendo
estereótipos, como o de que moto é só para homem.
Segundo ela, é
por enxergar o carro como um meio de autonomia, e não como um
instrumento para expressar sua competitividade, que o público feminino
se envolve menos em acidentes graves.
— Há muitas mulheres
agressivas no trânsito. Não podemos santificar um grupo e crucificar
outro. Mas elas têm uma característica de maior prudência. Podem dar
bons exemplos – diz.